MILITARES TOMAM O PODER EM MADAGASCAR E PRESIDENTE FOGE DO PAÍS SEM RESISTÊNCIA

Militares de Madagascar assumem o controlo do país após semanas de protestos liderados por jovens. O presidente Andry Rajoelina fugiu e o exército anunciou um governo de transição de dois anos.

A madrugada desta terça-feira (14) marcou uma nova virada política em Madagascar. O presidente Andry Rajoelina abandonou o país depois que uma unidade militar de elite se recusou a seguir ordens para reprimir manifestantes e acabou assumindo o controlo do Estado.
O movimento foi rápido, sem grandes confrontos, e resultou numa transição quase pacífica de poder.

Como começou a crise

Os protestos começaram no final de setembro, com milhares de jovens nas ruas de Antananarivo a reclamar contra o aumento do custo de vida, falta de energia e desemprego. O movimento, liderado em grande parte por membros da geração Z, rapidamente ganhou força e apoio popular.

Perante a pressão, o presidente tentou dissolver o parlamento, mas os deputados reagiram convocando uma sessão de emergência que resultou num voto de destituição. Esse passo abriu espaço para a intervenção do exército.

A decisão dos militares

A virada ocorreu quando o CAPSAT, uma das unidades de elite do exército malgaxe, se recusou a usar força contra os manifestantes. Os oficiais afirmaram que não iriam disparar contra o povo e que apoiariam uma saída política para a crise.
Com a recusa em obedecer às ordens de repressão, a autoridade do governo caiu por completo.

O coronel Michael Randrianirina anunciou em seguida que o exército assumia o controlo do país, prometendo criar um governo de transição por até dois anos e convocar novas eleições assim que possível.

Fuga do presidente

Sem apoio militar e com o parlamento já posicionado contra si, Rajoelina fugiu de Madagascar. Fontes locais afirmam que o presidente deixou a capital de madrugada, acompanhado por um pequeno grupo de seguranças, rumo a um destino ainda não confirmado.
O parlamento declarou formalmente o cargo vago e reconheceu o comando militar como autoridade interina.

Por que não houve violência

Ao contrário de outros golpes em África, o episódio de Madagascar não teve confrontos diretos.
Isso se explica por três razões principais:

  1. A recusa da unidade CAPSAT em abrir fogo.

  2. A rápida adesão do parlamento ao processo de transição.

  3. A forte mobilização pacífica da população, que tornou politicamente arriscado qualquer tipo de repressão.

Analistas dizem que a combinação entre pressão popular e divisão interna nas forças armadas foi o que permitiu a mudança de poder sem grande derramamento de sangue.

O que vem a seguir

O novo comando militar prometeu manter as instituições básicas do Estado a funcionar, dissolver órgãos considerados ineficazes e garantir estabilidade até à realização de novas eleições.
Organizações regionais, como a União Africana e a SADC, ainda não se pronunciaram oficialmente sobre o caso.

Enquanto isso, o país enfrenta o desafio de reorganizar a economia e restaurar a confiança interna e internacional após mais uma mudança abrupta de governo.


Fontes


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